Em 2 Timóteo 4, Paulo faz uma profunda análise do seu ministério e antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com respeito ao seu passado, presente e futuro. O veterano apóstolo olhou para o passado com gratidão (2 Tm 4.7). Paulo está passando o bastão a seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra-o de como havia sido sua vida: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido.
Além disso, Paulo olhou para o presente com serenidade. O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que vai lhe tirar a vida; é ele quem vai oferecê-la a Deus. Assim escreve Paulo: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido como libação, e o tempo da minha partida é chegado”. Para Paulo, partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). A morte para Paulo era fazer a última viagem da vida, e esta rumo à pátria celestial. A morte não intimidava Paulo.
Quanto ao futuro, Paulo tinha esperança (2 Tm 4.8). A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de Jesus, dava a Paulo uma maravilhosa expectativa do futuro. Mesmo que Nero o condenasse e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz o consideraria inocente e lhe daria a coroa da justiça.
Paulo sente profundamente a solidão. Então deseja e pede três coisas: primeiro, pessoas que lhe façam companhia; segundo, uma capa que o aqueça; terceiro, livros e pergaminhos que o mantenham ocupado.
Em primeiro lugar, Paulo quer companheiros. Ordena a Timóteo: “Toma Marcos e traze-o contigo” (v. 11). Marcos tinha sido um desertor na primeira viagem missionária (At 12.25; 13.13; 15.38,39). Mais tarde, porém, foi reintegrado (Cl 4.10; Fm 24) e agora poderia ser muito útil ao ministério.
Acima de tudo, Paulo tem saudades de Timóteo. “Procura vir ter comigo depressa” (v. 9). “Apressa-te a vir antes do inverno” (v. 21). Se ele quer ver mesmo rever Timóteo e desfrutar de sua amizade, então Timóteo deve vir logo (enquanto ainda estiver vivo) e, de todo modo, antes do inverno (enquanto a navegação ainda seja possível). Assim, duas vezes ele insiste para que Timóteo faça o possível para vir. O mesmo apóstolo, que pusera seu amor e a sua esperança na volta de Cristo (v. 8), também anela pela volta de Timóteo. “Sem cessar me lembro de ti.... noite e dia, ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria” (2 Tm 1.3,4). Às vezes encontramos pessoas superespirituais que fingem nunca sentir solidão e nem ter necessidades de amigos, pois a companhia de Cristo lhes satisfaz em todas as necessidades. Pura ilusão. A amizade humana é uma provisão amorosa de Deus.
Em segundo lugar, Paulo precisa de roupa quente, tanto quanto de companheirismo. Assim ele recomenda com insistência a Timóteo: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Troade, em casa de Carpo (v. 13). A palavra phailones (capa) equivalia ao latim paenula, “uma peça do vestuário exterior, de tecido grosso, em modelo circular, com uma abertura no centro para a cabeça. Paulo achou que ela lhe seria bastante útil, sem dúvida, pressentindo que o inverno se vizinhava (v. 21).
Em terceiro lugar, Paulo tinha a necessidade de livros, “especialmente os pergaminhos” (v. 13). A diferença entre os dois é que os primeiros eram feitos de papiro, e não de pergaminho. Estes rolos de pergaminho talvez fossem escritos seus, ou sua correspondência, ou algum documento oficial, ou até mesmo seu certificado de cidadania romana. Todavia, é de consenso entre os estudiosos que o mais provável era que estes pergaminhos fossem a “versão grega do Antigo Testamento” (Septuaginta). Isto é relevante para nossas vidas. Um homem que sabe que vai morrer, não quer deixar de ler e aprender! Quanta preguiça em nossas vidas. A vida de Paulo nos motiva até mesmo na hora da morte a estarmos aprendendo e crescendo em sabedoria.
Esta, pois, são as três necessidades conscientes de Paulo. Quando nosso espírito está solitário, precisamos de amigos. Quando nosso corpo está sentindo frio, precisamos de roupas. Quando nossa mente está entediada, precisamos de livros. Não é falta de espiritualidade admitir isso: é humano. São necessidades naturais de homens e mulheres mortais.
Poderíamos sintetizar estas três necessidades de Paulo, assim:
Uma capa – para o corpo
Os livros – para a mente (alma)
Os pergaminhos – A Palavra de Deus para o espírito
Concluo com esta preciosidade:
Vários comentaristas aludem ao paralelo histórico entre o aprisionamento de Paulo em Roma e o de William Tyndale na Bélgica aproximadamente 15 séculos depois. Eis a descrição de Tyndale, feita por Handley Moule:
“Em 1535, preso pelo perseguidor em Vilvorde, na Bélgica, ele escreveu, pouco antes de seu martírio nas chamas, uma carta em latim ao Marquês de Bergen, administrador do castelo: ‘Rogo de Vossa Senhoria pelo Senhor Jesus que, se eu tiver que ficar aqui durante o inverno, suplique ao comissário a fineza de mandar-me, das coisas que são minhas, e que estão com ele, um gorro de lã; sinto dolorosamente o frio em minha cabeça. Também uma capa mais quente, pois a que tenho é muito fina. Ele tem uma camisa de lã minha, caso queira mandá-la. Mas, acima de tudo, minha Bíblia hebraica, minha gramática e meu vocabulário, para que eu use meu tempo nesta atividade’”.
Simplesmente célebre. Magnífico. Encantador. Desafiador.
Nele, o nosso maior tesouro.
Além disso, Paulo olhou para o presente com serenidade. O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que vai lhe tirar a vida; é ele quem vai oferecê-la a Deus. Assim escreve Paulo: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido como libação, e o tempo da minha partida é chegado”. Para Paulo, partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). A morte para Paulo era fazer a última viagem da vida, e esta rumo à pátria celestial. A morte não intimidava Paulo.
Quanto ao futuro, Paulo tinha esperança (2 Tm 4.8). A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de Jesus, dava a Paulo uma maravilhosa expectativa do futuro. Mesmo que Nero o condenasse e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz o consideraria inocente e lhe daria a coroa da justiça.
Paulo sente profundamente a solidão. Então deseja e pede três coisas: primeiro, pessoas que lhe façam companhia; segundo, uma capa que o aqueça; terceiro, livros e pergaminhos que o mantenham ocupado.
Em primeiro lugar, Paulo quer companheiros. Ordena a Timóteo: “Toma Marcos e traze-o contigo” (v. 11). Marcos tinha sido um desertor na primeira viagem missionária (At 12.25; 13.13; 15.38,39). Mais tarde, porém, foi reintegrado (Cl 4.10; Fm 24) e agora poderia ser muito útil ao ministério.
Acima de tudo, Paulo tem saudades de Timóteo. “Procura vir ter comigo depressa” (v. 9). “Apressa-te a vir antes do inverno” (v. 21). Se ele quer ver mesmo rever Timóteo e desfrutar de sua amizade, então Timóteo deve vir logo (enquanto ainda estiver vivo) e, de todo modo, antes do inverno (enquanto a navegação ainda seja possível). Assim, duas vezes ele insiste para que Timóteo faça o possível para vir. O mesmo apóstolo, que pusera seu amor e a sua esperança na volta de Cristo (v. 8), também anela pela volta de Timóteo. “Sem cessar me lembro de ti.... noite e dia, ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria” (2 Tm 1.3,4). Às vezes encontramos pessoas superespirituais que fingem nunca sentir solidão e nem ter necessidades de amigos, pois a companhia de Cristo lhes satisfaz em todas as necessidades. Pura ilusão. A amizade humana é uma provisão amorosa de Deus.
Em segundo lugar, Paulo precisa de roupa quente, tanto quanto de companheirismo. Assim ele recomenda com insistência a Timóteo: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Troade, em casa de Carpo (v. 13). A palavra phailones (capa) equivalia ao latim paenula, “uma peça do vestuário exterior, de tecido grosso, em modelo circular, com uma abertura no centro para a cabeça. Paulo achou que ela lhe seria bastante útil, sem dúvida, pressentindo que o inverno se vizinhava (v. 21).
Em terceiro lugar, Paulo tinha a necessidade de livros, “especialmente os pergaminhos” (v. 13). A diferença entre os dois é que os primeiros eram feitos de papiro, e não de pergaminho. Estes rolos de pergaminho talvez fossem escritos seus, ou sua correspondência, ou algum documento oficial, ou até mesmo seu certificado de cidadania romana. Todavia, é de consenso entre os estudiosos que o mais provável era que estes pergaminhos fossem a “versão grega do Antigo Testamento” (Septuaginta). Isto é relevante para nossas vidas. Um homem que sabe que vai morrer, não quer deixar de ler e aprender! Quanta preguiça em nossas vidas. A vida de Paulo nos motiva até mesmo na hora da morte a estarmos aprendendo e crescendo em sabedoria.
Esta, pois, são as três necessidades conscientes de Paulo. Quando nosso espírito está solitário, precisamos de amigos. Quando nosso corpo está sentindo frio, precisamos de roupas. Quando nossa mente está entediada, precisamos de livros. Não é falta de espiritualidade admitir isso: é humano. São necessidades naturais de homens e mulheres mortais.
Poderíamos sintetizar estas três necessidades de Paulo, assim:
Uma capa – para o corpo
Os livros – para a mente (alma)
Os pergaminhos – A Palavra de Deus para o espírito
Concluo com esta preciosidade:
Vários comentaristas aludem ao paralelo histórico entre o aprisionamento de Paulo em Roma e o de William Tyndale na Bélgica aproximadamente 15 séculos depois. Eis a descrição de Tyndale, feita por Handley Moule:
“Em 1535, preso pelo perseguidor em Vilvorde, na Bélgica, ele escreveu, pouco antes de seu martírio nas chamas, uma carta em latim ao Marquês de Bergen, administrador do castelo: ‘Rogo de Vossa Senhoria pelo Senhor Jesus que, se eu tiver que ficar aqui durante o inverno, suplique ao comissário a fineza de mandar-me, das coisas que são minhas, e que estão com ele, um gorro de lã; sinto dolorosamente o frio em minha cabeça. Também uma capa mais quente, pois a que tenho é muito fina. Ele tem uma camisa de lã minha, caso queira mandá-la. Mas, acima de tudo, minha Bíblia hebraica, minha gramática e meu vocabulário, para que eu use meu tempo nesta atividade’”.
Simplesmente célebre. Magnífico. Encantador. Desafiador.
Nele, o nosso maior tesouro.
Deus Abençoe
Paz do Senhor Jesus!!!
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